Friday, February 02, 2007

{historinha} Era uma vez uma lancheira

Fui a mais retardatária para participar do evento "Comidas da memórias" da Valentina, mas devo dizer que comecei a me empolgar :-).

Então, resolvi contar mais outra historinha por aqui.

Essa também data de muito tempo lá pra trás. Falar a verdade, é mais ou menos do mesmo tempo que a outra história (rs).

Lembro-me da minha escola, o então Ginásio Santa Gema, uma escola de freiras, das irmãs passionistas. Lembro-me da entrada de paralelepípedos, do "muro" de cerca viva, do grande pátio onde as crianças tinham que fazer fila assim que o sinal tocava. Os uniformes cor de vinho e as arcadas que davam acesso para a parte interior do colégio. A cantina, a quadra, o teatro, os banheiros, as árvores, o parquinho...

E de como eu era pequena quando adentrei naquele mundo pela primeira vez: 3 anos. Hoje, eu seria considerada "velha", afinal, as mães modernas são obrigadas a deixarem seus filhos nos berçários com 4 ou 5 meses de idade. Mas eu me achava muito pequena. E não queria ficar naquele lugar de jeito nenhum. Eu odiava a escola. E ficava chorando o tempo todo. Sim, foi meio terrível, mas foram recomendações do próprio pediatra, já que eu sou filha única: "coloque na escola, vai ser bom ela ter contato com outras crianças." Minha pobre mãe devia se dilacerar por dentro, mas com toda a certeza achava que seria bom para mim.


Mas, como nem só de coisas terríveis é feita a vida, tenho também muitas lembranças boas dessa época: era a lancheira que a minha mãezinha preparava para mim, todos os dias. O suco de laranja sendo espremido na hora, bem fresquinho e as fatias sendo tiradas do rolo de salame. Um bocadito de margarina nas faces do pão francês e voilà! minha lancheira gordinha e feliz deitava-se sobre o meu peito e lá íamos nós para a escola!


Até hoje, sou louca por salame. É um dos frios de que mais gosto. Fico a pensar que isso se deve muito às minhas reminiscências mais tenras. E, ah! como foi bom comer o mesmo lanche igualzinho hoje pela manhã!

15 comments:

Valentina said...

Ai Miki-san, que lindo! Me emocionou. PArece que a primeira receita abriu os portoes da memória - as boas principalmente. amei ler queirida.bjocas

miki w. said...

nossa, foi mesmo, tina!

sabe que fiquei matutando muito até algo aparecer (rs). e ainda estou para perguntar para minha mãe qual era a minha comida predileta!

beijinhos, estou feliz q deu tempo de eu participar!

Karen said...

Você ainda tem uma lancheira!? Eu também sinto saudades dos lanchinhos, faz anos que não como salame! Que gostoso!

miki w. said...

karen, essa lancheira é nova, digamos assim, comprei quando passei na pós em 2005! foi tão bom, voltar a ter lancheira e lanchinho!

beijinhos, miki

Lua Limaverde said...

Ah ah, Miki, que legal, acho interessante que as lembranças dos outros ativam as minhas, sabe? Você me lembrou da minha lancheira, só que eu odiava usá-la porque só eu tinha lancheira na escola - era escola pública e eu tinha vergonha de ficar comendo enquanto todo mundo só queria brincar mesmo. Resultado: eu voltava pra casa sem nem abri-la (rs). Mesmo assim minha mãe sempre me obrigou a levar, não sei porquê... (rsrsrsrsrs)

Itza said...

hahahha amei o relato! Parece que revivi minha infância! Uma beijoca!

Cinara said...

Adorei seu post, Miki! Também me fez lembrar muita coisa, já que eu também estudei em colégio de freiras. Eu adorava, aliás. Tocava até violão na missa! E eu tinha uma lancheira de metal, americana, da Branca de Neve. Um luxo! Dos lanches eu não me lembro, mas a lancheira é inesquecível... Obrigada por compartilhar sua história conosco! Bjs

Akemi said...

Também adorei suas lembranças! Lembro que também a Patricia comentou num dos primeiros posts sobre lancheira. Minha mãe também sempre preparava um sanduíche de maionese com tomate no pão de forma que eu adorava!!! Lembro que na maioria das vezes era limonada que vinha na garrafinha, que boas lembranças vc me fez ter agora, Miki! Obrigada por dividir conosco este pedacinho da sua vida!
Bjos

Patricia Scarpin said...

Amiga querida,

Que coisa mais linda esse post - amei de paixão!

A gente pode até esquecer algo que aconteceu ontem mesmo, mas coisas boas a gente guarda pra sempre, mesmo depois de tantos anos!

Pensei agora na minha lancherinha com a tampa cor-de-rosa aparecendo, que emoção boa!

Bjs, querida!

miki w. said...

luna, sério? acho que eu era gulosa desde pequena, adorava meu lanchinho, e o fato de ele ser o mesmo por anos a fio não fazia com que eu me enjoasse dele, muito pelo contrário! vc assistiu o ótimo "comer, beber e viver" do ang lee? lá tem uma passagem sobre um tipo de lancheira muito bom (sua historinha me fez lembrá-lo)!

itza, seja bem-vinda! como dizia aquela velha música "recordar é viver, eu ontem sonhei com você"!

cinara, mas olha que coincidência! eu queria ter conhecido sua lancheira da branca de neve (adoro lancheiras - rs)!

hummmm, akemi, que delícia limonada... comidas feitas pela mãe tem sempre um gosto bom de nostalgia, não é mesmo? vêm carregadas de carinho...

pat, q delícia! é tão bom ser criança, não é mesmo? o bom é isso mesmo que vc disse: não importa se não vemos mais alguém querido, ou se se passou muito tempo, as boas lembranças viverão para sempre em nossas memórias!

beijinhos a todas,
miki

Fer Guimaraes Rosa said...

que historia fofa, Miki!!! eu tbm tinha lancheira, que vinha recheada com coisinhas diferentes., beijao,

Eli said...

Miki você me deixou muito emocionada. Que delícia! Agora são 6:00hs da manhã e estou preparando a lancheira do Rapha pro primeiro dia de aula, ele também leva a lancheira todos os dias, e nunca quer saber o que tem dentro ele diz preferir a surpresa. :) Como disse para Patrícia Scarpin quero deixar essas marcas no Rapha.
Um super beijo pra você!

miki w. said...

fer, as lancheiras são lembranças felizes em nossa vida, não?

eli, o rapha é um menino sabido! com uma mãe tão maravilhosamente cozinheira eu tb ia querer fazer suspense para saber o q teria na minha lancheira todo dia!

beijinhos, miki

Anonymous said...

Miki-rida, só você para resgatar em todas nós essas lembranças de lancheira :D

Eu também não dispensava meus lanches não, menina!

;***

miki w. said...

oi, dadi! acho q todas nós, desde tenra idade, já tínhamos uma queda pelas boas coisas da vida, não é mesmo?

beijinhos, miki